quinta-feira, 16 de julho de 2009

SINCRETISMO

Sincretismo significa a mistura de pensamentos ou opiniões diversas para formar um único. No caso presente, é a assimilação de um orixá a um santo católico, como também manifestações de valores religiosos de uma cultura assimilada por outra.
O fenômeno do sincretismo no Brasil é regional e étnico, Não é estritamente localizado; é móvel e variável, além de ser uma coisa antiga. O sincretismo evolui criativamente dando lugar a novas identificações na proporção que os valores sociais mudam, ou seja, penetra nos costume na medida em que esses mesmos costumes evoluem.
Partindo das pesquisas de Roger Bastides, podemos verificar que o sincretismo é regional quando cada Estado ou região produz a sua própria identificação, isto em decorrência de diversos fatores, como: geográfico, falta de transporte e comunicação entre os membros das diversas seitas, etc; temos ainda, os sincretismos étnicos, que é aquele oriundo das nações africanas instaladas nas diversas regiões do Brasil, como por exemplo: nagô, ketu, o bando, congo, angola jeje, etc. O sincretismo é variável, além da multiplicidade dos deuses africanos, que também é variável, de nação para nação.
Além disso, Roger Bastides diz que para compreender bem esse sincretismo, é preciso não esquecer, ainda, que ele se inscreve e se enquadra num sincretismo mais vasto, o dos gestos e dos ritos. Não se trata apenas de uma fusão dos deuses da África com os santos, trata-se duma participação do Candomblé com a vida da Igreja Católica.
Para exemplificar o que diz acima, Roger Bastides distingue dois casos: o primeiro é a penetração do candomblé no ritual católico e o segundo é a penetração do catolicismo no candomblé. Para o primeiro exemplo, tem a lavagem da Igreja de Nosso Senhor do Bomfim, que de acordo com os estudiosos já existia em Portugal, sendo, portanto introduzida no Brasil por um colono lusitano como forma de promessa. Como os pretos baianos tinham uma cerimônia semelhante, passaram então a participar daquele ritual, tornando a lavagem uma festa sincrética. No segundo caso, temos o fato de sempre encontrarmos em quase todo terreiro ou barracão de Umbanda, um altar com imagens de santos, ornado com flores, panos e rendas, o que nada mais é do que um altar da Igreja Católica.
O Sincretismo é uma representação coletiva, uma pressão do meio à qual geralmente não corresponde a nenhuma atitude subjetiva... Os africanos tiveram de mascarar suas crenças sob um catolicismo de empréstimo, e fusão dos orixás, com os santos se manteve, posteriormente por tradição.
Em 26 de abril de l.500, no ilhéu da Coroa Vermelha, frei Henrique Soares, reza em terras brasileira a primeira missa católica, embalada nas cantigas chorosas do mar.Em primeiro de maio de 1.500, sob o olhar curioso dos indígenas, aos pés de uma enorme cruz a segunda missa católica é rezada. Dóceis, os nativos beijam a cruz.
Na carta de Caminha, o escrivão, registrou-se essa passagem. O catolicismo começara a ser imposto aos índios brasileiros; Não imaginavam os descobridores, que entre os homens rudes, já existia um Deus denominado de Tupã.
O sincretismo começara então a se formar pelo contato do branco e o índio e mais tarde com a chegada do negro vindo da África para a lavoura.
A catequese, que se iniciou com a chegada do primeiro Governador, foi feita principalmente, pelos padres da Companhia de Jesus e fazia parte do programa do catolicismo português de implantar esta religião no Brasil. Esta manobra fazia parte da luta que a Igreja, estava empenhada com a Reforma Luterana. Os catequistas, para melhor ensinar aos índios aprenderam o tupi..
O colono trouxe para o Brasil todos os seus bentinhos, seus santos com mantos de veludo e estrelas prateadas, suas procisões com altares enfeitados de fitas e rendas. Trouxe seu clero interesseiro, suas novenas, suas penitencias.
Pouco a pouco o clero ia dominando a sociedade que se formava no Brasil. O aparato da igreja influi muito no sincretismo, religioso. O índio se encantou com as capelas que os jesuítas construíram e com as historias da bíblia, e ao poucos ligou essas historias, as suas lendas; que o pajé através de gerações ensinava.
Os escravos que trabalhavam de sol a sol, e em determinadas noites ainda tinha as forças para cultuar o seu Deus, através de cultos, que os jesuítas condenavam por não ser sua religião, não tinham e nunca procuram ter, o conhecimento de que se tratava, julgando na sua concepção, de se tratar de culto pagão. Os jesuítas tentando impor sua catequese e ao mesmo tempo acabar com esses rituais, solicitaram aos colonizadores que proibissem esses rituais dentro de suas terras. E foi o que aconteceu, pela forte imposição os senhores proprietários e donos desses escravos proibiram a realização do ritual dos negros escravos.
Mas o tempo foi passando e a produtividade desses escravos, foi caindo e os senhores proprietários, amargando seus ganhos, por mais castigo que impusessem não conseguiam retornar a produtividade anterior, ao fato da proibição. Até que em ato de desespero, convocaram uma reunião com o clero, expondo a situação e pedindo o retorno desses rituais. A principio os Jesuítas não queriam nem comentar o assunto, mas pela insistência dos senhores, e pela necessidade dos padres em receber generosas contribuições, concordaram, impondo uma condição, de que deveriam ter um altar com imagens dos santos católicos, que prontamente foi concordado e providenciado pelos mesmos senhores.
Os escravos que chegaram ao Brasil, e que foram barbaramente arrancados de sua terra de origem, isto é a África, e dominados pelos chamados colonizadores, muitos desses escravos eram mestres, tanto na magia negra, como da branca. Como conhecedores profundos das duas magias em questões, eles trouxeram todos os conhecimentos espirituais que lhes haviam de servir mais tarde, nos seus dias atormentados de cativeiro como meio de defesa contra os senhores que os dominavam, como mestre de escravos, pois que estes senhores e os Jesuítas ignoravam por completo, os grandes poderes extras terrenos que possuíam estes escravos. E através desse conhecimento concordaram em ter um altar e santos católicos, em seus rituais e estes mestres da magia, qualificaram os santos católicos, como representante dos Orixás, criando o sincretismo de Umbanda, mas usaram a imagem em cima do altar, por determinação dos padres jesuítas, mas em baixo do mesmo, tinham as pedras que representavam as forças dos Orixás. Assim temos, a historia dos santos católicos, representando as divindades.
Como iniciamos falando de que o sincretismo no Brasil é um fenômeno regional e étnico, Não é estritamente localizado; é móvel e variável, temos algumas divergências na classificação dos Orixás com os santos católicos, muitas vezes dentro da mesma região, por isso torna-se necessária ainda maior evolução, para encontrarmos as representações aceitas por todos, todavia é uma mera representação, cujas imagens ao serem cruzadas na vibração do Orixá, passa a ser a própria energia do mesmo, digna de toda a admiração pelos Umbandistas..
Assim sendo, as setes linhas de Umbanda, devidamente ordenadas em suas polaridades vibratórias temos:
Primeira linha - Oxalá, dentro de sincretismo representa Jesus Cristo, vibra na cor branca, qualificada pela inteligência, ajuda nas doenças, principalmente àquelas relacionadas com os olhos, rins e coluna. Oxalá manda nas chuvas e enchentes, suas flores preferidas são jasmim, lírio, cravos branco, copo de leite, sendo que estes não são usados nas terreiras. Seu dia na semana é no sábado.

Segunda linha Iemanjá que pelo sincretismo representa Nossa Senhora dos Navegantes, vibrando na cor azul, qualificado como linha do amor, é considerada a rainha do mar. É um orixá feminino. Mas atua em homens, porque e mãe e mãe não abandonam seus filhos, sendo considerada a protetora dos marujos, seu planeta é Vênus, cor azul universal, sua atuação é pelo mar, suas falanges são Ondinas, Janaina, Iara menina, pertence à falange das crianças do mar, ou seja, sublinha, ibégi na linha de Iemanjá. Iara Sete Cachoeira, atua na África junto a Ogum no seu próprio mar. Ogum Beira Mar, sublinha de Ogum na Linha de Iemanjá também atua nesta vibração é o vigilante do mar, assim todos os caboclos enviados pôr Iemanjá. Ela trabalha as vinte e quatro horas pôr dia, porque a água do mar muda de cor, de 30 em 30 minutos, em todos os oceanos, seu dia na semana corresponde ao domingo.

Terceira Linha Xangô Caô, representada pelo sincretismo como São João Batista, que vibra na cor rosa, qualificados na ciência e na medicina é a linha do oriente, trabalham também nesta linha as falanges de Ibejis, representadas pôr Cosme e Damião, tendo como dia da semana a segunda feira..

A quarta linha dos Pretos Velhos (Iofa ou Ifa) representada no sincretismo pôr São Lázaro, que vibra na cor amarela sua qualificação é a filosofia, é nesta linha que atua os pretos velhos e a mãe Oxum é a ação da filosofia, vibrando na cor amarela. Oxum é a dona do amor, devido sua bondade, ela é dona do ouro, da luz e da paz, e a protetora de todas as crianças, devido aos anjinhos que o rodeiam, a mãe Oxum e a dona dos rios, do arco-íris e das cachoeiras ela trabalha muito com xangô, em cruzamentos. Em lavagens de Cabeça, porque Xangô é seu filho. Dentro do sincretismo a Oxum são Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora Santana, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora Aparecida (Padroeira do Brasil), Oxum Panda é uma das mais moças. Atua em diversos locais, Oxum malé atua das 8 horas da manhã até as 20 horas, sobre o comando do arco-íris, como todos nos sabemos o arco íris tem todas as cores e age em redor do universo.
As filhas de Oxum são: Caboclas das matas, sublinha de Oxossi, Jurema, Jupira Jandira, Cabocla sete quedas e sete Cachoeiras e outras tantas, seu dia na semana é terça-feira, juntamente com a linha, de preto velho.

A quinta linha de Xangô Agôdo, que pelo sincretismo é São Jerônimo, vibrando na cor marrom sendo a justiça sua principal qualificação, divindade do trovão, do raio e do fogo, simbolizado pela pedra e o machado, também considerado o senhor da justiça, tendo como esposa Iansã, divindade dos tempos e das tempestades assim como das pedras da beira do rio. Temperamento forte sensual e autoritário capaz de enfrentar os espíritos dos mortos, sincretisada como Santa Bárbara, mas Iansã não pertence a linha de Xangô e sim a linha de Ogum. Quarta feira é o dia da linha de Xangô Agôdo.

A sexta Linha é a linha de Oxossi, que pelo sincretismo representa São Sebastião, que vibra na cor verde e sua principal qualificação é a lógica. São Sebastião foi sacrificado pôr flechas e atado em uma arvore depois de desencarnado, os pretos velhos, curaram suas feridas e foi designado como representante de Oxossi, como rei das matas.
Comanda todo os caboclos das matas, também tem Ogum, sublinha de Ogum na linha de Oxossi, enviado como Ogum Serra Negra e Rompe Mato é a linha que traz as ervas das matas para curar o nosso males. A cabocla Jurema, também consagrada como rainha das matas, também foi sacrificada pôr flechas. Todas as caboclas das matas são enviadas pôr jurema, tais como, Jupira, Guacira e Jandira. E os principais caboclos são: Tupi-Tupã, Tupinanba-Guarani, Ubirajara, Rompe Mato, Pena Branca, Tupi Mirim, Tupaíba, Sete Flechas, Caboclo Rocha e as tribos Guaranis são comandados pelo Tupinanba, Rompe Mato, Pele Vermelha e Sete Flechas. O dia da semana da linha de Oxossi é as quintas feiras.
A sétima e ultima linha, e a linha de Ogum, que pelo sincretismo representa São Jorge, vibrando na cor vermelha sendo a principal qualificação a ação seu planeta é marte, porque é guerreiro vencedor de demandas as ferramentas de Ogum são as espadas, lança, ponteira, ferraduras e todos os outros objetos de aço, pertencem a Ogum, como é vigilante cada orixá tem a sua falange (sublinha) de Exu, mas quem comanda a linha de Exu é Ogum, os trabalhos com Exu são utilizados para limpezas, desmanchar trabalhos e abertura de caminhos.
As principais entidades da linha de Ogum são: Ogum beira mar, Ogum Male, Ogum das Matas, Ogum Sete Cruzeiro, que também trabalha na linha do oriente, como sublinha de Ogum, Os principais Exus, são: Tranca Rua, Veludo, Marabô, Sete Cruzeiros, Morcego e o Mirim, seu dia na semana é sexta feira.

PERGUNTAS E RESPOSTAS

- Qual o sincretismo de Umbanda?
A Umbanda é uma religião plasmada no plano astral e contou com apoio Africanista na concepção dos Orixás, do Hinduismo, trouxe as leis do carma, reencarnação e evolução; do Cristianismo, foi beber nas fontes do evangelho.

- Existe na Umbanda influencia católica?
Sem duvidas, temos que aceitar e conviver que existe uma influência católica, assim como das religiões africana e também do kardecismo e dos cultos indígenas. Alias é comum a todas as religiões influencias de uma sobre a outra.

Qual a função espiritual de Umbanda?
A miscigenação que se opera no Brasil está a exigir um movimento religioso de massa, de cunho estritamente popular, sem dogmas asfixiantes nem fronteiros, buscando assim afastar o homem das limitações a que se encontra submetida sua vida prática e psíquica.

- Qual a concepção de Umbanda com relação aos fins de criatura humana?
No que tange à origem e à razão da existência humana, a Umbanda admite que um desígnio superior determina a evolução do planeta no vários reinos, mineral, vegetal, animal e hominal, este ultimo coroa no planeta terra a obra do criador. A Umbanda participa e usa os vários reinos da natureza no seu ritual, tudo isso em favor do ser humano, no qual procura acima de tudo despertar anseios de espiritualidade e desta forma conduzi-lo ao conhecimento profundo de si mesmo.

- Há espiritismo na Umbanda?
O espiritismo como é concebido pela doutrina kardequiana, não tem o menor vinculo com a Umbanda. O fator comum entre ambas é o mediunismo.

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